sábado, 11 de junho de 2005

PT: um caminho sem volta

Revolutas No 17 – Setembro de 2005

No momento em que estamos escrevendo este texto, ainda não está definido quem irá enfrentar Ricardo Berzoini no 2° turno do Processo de Eleição Democrática (PED) do PT: se Valter Pomar ou Raul Pont. Mas diante da grande expectativa que cercou essas eleições, a única certeza que podemos ter é que não há qualquer esperança de uma “virada” na orientação do partido.

Mesmo levando em conta que os votos de “oposição” à chapa do Campo Majoritário superam os 50%.

Uma verdadeira renovação do PT ou uma “refundação” que significasse o seu resgate enquanto partido de luta em defesa dos interesses da classe trabalhadora exigiria uma postura de crítica radical às políticas do governo Lula e uma mudança profunda na estrutura partidária.

Mas a maior parte das chapas de oposição ao Campo Majoritário passou ao largo dessas questões cruciais. Dentre todas, certamente a que mais avançou nas críticas foi a de Plínio de Arruda Sampaio, que não irá para o 2° turno.

O neoliberalismo, na maior parte das teses, é apontado apenas na política econômica, e ainda assim de forma tímida. A política externa e as “políticas sociais” são poupadas.

No máximo, propõe-se melhorá-las. E as leis e reformas neoliberais, como a reforma da previdência e a lei das falências, sequer são mencionadas. E enquanto Palocci é atacado, nada se diz sobre a responsabilidade de Lula.

Para piorar, o PED foi marcado por denúncias: pagamento de anuidade para filiados, voto de cabresto, esquema de transporte, etc.

Diante de tudo isso, a nova direção, independente do resultado final do PED, não expressará uma ruptura com o rumo que o partido assumiu.

Pelo contrário, reforça a constatação de que o PT tomou um caminho sem volta. A grande questão é para onde irão os milhares de militantes socialistas da base do partido. Muitos estão se preparando para deixar o partido, mas certamente milhares ainda permanecerão no PT, com a esperança de resgatá-lo.

Não há dúvida de que a crise do PT está longe do se desfecho.

De qualquer forma, uma coisa é clara: começa a se tomar forma um novo mapa da esquerda brasileira.

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