domingo, 4 de maio de 2003

Perguntas de um petista que lê (e pensa)

Revolutas No 02 - Maio de 2003

A decisão da Executiva Nacional de antecipar a escolha dos candidatos para 2004 e evitar as prévias é mais um balde de água fria sobre a militância petista.

 A justificativa para essa medida é o de evitar a “luta fratricida” dentro do partido.

“Vamos negociar politicamente para diminuir o número de prévias, para diminuir o tensionamento, para que os debates, se ocorrerem, sejam em uma temperatura morna”, afirmou José Genoino.

Há algo de estranho nessa atitude. O que os leva a pensar que haverá luta fratricida dentro do partido? Que partido é esse que a direção antevê que haverá tanto tensionamento que seja necessário tomar medidas preventivas para evitá-lo? Mas, principalmente, se essa preocupação é real, se há de fato motivo para “lutas fratricidas” a postura correta não seria resolver as causas desse tensionamento, abrindo os canais para discuti-las em vez de adotar medidas burocráticas para evitálas? A democracia interna sempre foi um dos orgulhos do partido desde o seu surgimento. Aos poucos essa democracia veio sendo cada vez mais cerceada, é verdade.

Mas nunca esse cerceamento da democracia, ou melhor dizendo, a negação da democracia, atingiu os níveis atuais: um grupo de dirigentes transforma em letra morta resoluções de Congressos e conferências nacionais em poucos meses, em nome da “governabilidade”; transformam o partido em mero apêndice do governo Lula; enquadram militantes históricos que decidem manter- se fiéis às decisões coletivas do partido e que se recusam a apoiar banqueiros e políticos neoliberais. Há algo de podre no ar.

Não seria o caso de um Congresso do partido?

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